quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O MITO DE SÍSIFO

Conheci o mito de Sísifo,através do curso de Filosofia por correspondência,que fiz há um tempo atrás.Eu fiquei perplexa,ao reconhecer a situação de Sísifo em pessoas que eu conhecia como também,em alguns casos isolados da minha vida pessoal;mas o que eu não sabia,era que um dia,eu me encontraria me comparando ao próprio.Sabendo eu de que toda pessoa humana procura realizar-se e realizar alguma coisa(um lar,uma profissão,uma obra..)na terra;encontro-me hoje numa situação particular,onde quase tudo que almejei e coloquei como meta e muito lutei para construir,de repente se desconstruiu perante meus olhos,quando perdi os empregos,quando o meu casamento acabou,quando os filhos cresceram criaram asas e voaram;e mesmo sobrando "a pessoa",essa pessoa ainda não aprendeu a tomar conta de si, cuidar de si,de se assumir pessoa sozinha.È nessa situação,onde o ideal é desfeito e todos referenciais se confundem,em que eu me vi dia após dia,fazendo o doloroso 'Trabalho de Sísifo".Sísifo na mitologia grega,era rei de Corinto,filho de Eólio e esposo de Meropa.Por um motivo que os comentadores ignoram,os deuses condenaram Sísifo a fazer rolar uma enorme pedra por sobre a rampa de uma montanha,até atingir o cume desta,Sísifo,submetendo-se á punição,nunca conseguia chegar a termo,pois a rocha ,impelida para cima,cedo ou tarde se precipitava por efeito do próprio peso.O escritor ateu Albert Camus,que escreveu sobre o mito ,comenta:"os deuses haviam pensado,que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil,destituído de esperanças..Imagine -se todo esforço de um corpo teso para sustentar a enorme pedra e fazê-la rolar escarpa a cima;e isto,uma centena de vezes...imagine seu rosto franzido,a face colada contra a pedra...Sísifo,vê a rocha arremessar-se em poucos instantes para este mundo inferior,de onde será necessário subir de novo para o cume...Ele desce mais uma vez para a planície"(Camus,Le Mythe de Sísyphe,p161,Idées).A minha rocha de mármore é todos dias me achar incumbida de tomar conta de uma casa de dez cómodos,fora os outros afazeres,e ao fim do dia,saber que amanhã terei que fazer tudo outra vez.Sem poder exercer as minhas minha profissões e produzir pelo prazer através dos meus talentos e vocações,sem um salário que faria sentir-me digna,sem um um companheiro para partilhar a vida.De todas as maneiras que pude,justificando meios para se chegar a um fim e para determinados fins,justificando os meios,eu venho rolando a pedra da vida,ora muito cansada,ora distraída,por algum passarinho que canta ao meu ouvido uma linda canção e por um instante me faz esquecer da pedra;ora porque as vezes ainda encontro forças para "empurrar'' escarpa acima,as pedras dos outros (já que são muitos tipos de pedras que cada um carrega hoje).Hoje sei que a tarefa mais ardua da vida,é cuidar de si mesmo,dentro de uma realidade onde a até mesmo os que estão de perto concluem que só resta revigorar as forças diariamente pra viver o dia de hoje e rolar com a pedra escarpa acima.CONTINUA...

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