Havia um seriado na TV sob o título de D Beija,onde uma cena nunca saiu dos meus arquivos de memória.D Beija era uma mulher admirada e odiada ao mesmo tempo;certo dia,um de seus desafectos,uma senhora da sociedade,lhe enviou um presente,que se tratava de uma linda caixa toda ornamentada de flores e laçarotes de fita,mas dentro só continha as fezes da remetente.O portador entregou a caixa para D Beija,e esta muito contente logo tratou de desembrulhar o presente e obviamente se deparou com uma situação de mal estar físico pelo odor,e psicológico,pela humilhação e desprezo para com a sua pessoa.Ela chorou um pouco,mas logo se recompôs e perguntou ao portador se o mesmo poderia entregar um outro presente para aquela senhora.Ela dirigiu-se para o jardim e colheu lindos botões de rosas,colocou-os numa caixa muito mais bonita e escreveu um bilhete assim:Cada um oferece o que tem.Ao receber o presente a senhora tomou um susto,porque se viu inferior àquela a quem julgava não ter nenhuma qualidade.Oferecer o que temos,está relacionado ao aspecto material,como aquele gostoso cafezinho que se partilha á mesa com as pessoas,mas numa instância maior ainda,refere-se àquilo que trazemos dentro de nois mesmos,e sinceramente falando temos fezes e rosas.Temos amor,carinho,ternura,companheirismo,compreensão,atenção,respeito,solidariedade;mas também o oposto disso tudo.O que realmente transborda á caridade é quando fazemos o uso inadequado daquilo que temos,e saímos distribuindo nossas (in)sutilezas,,(in)delicadezas,à revelia,pois,na maioria das vezes, nem como justificativa de auto-defesa,não cabe tal ação.Fazer o bem sem olhar a quem,é muitíssimo difícil,mesmo ate porque toda ação requer de nois uma carga de energia empreendida e que logo julgamos,que tal energia deveria ser aplicada a quem,ou no que merece.Dar mais do que receber;este é outro desafio;na hora do êxtase fraterno até fazemos dessa máxima,uma meta para nossa vida;porém na prática,não há um amor totalmente desinteressado de nossa parte pelos nossos afetos,seja de qual instância for,entre familiares,amigos ou amados.Todo gesto de amor nosso vem consciente,ou inconsciente,arraigado de um mínimo de retorno sim,e ainda mais,nosso amor é egoísta mais do pensamos,pois dispensamos com aquilo,aquele,ou aquela,a quem determinamos que já podemos seguir adiante sem sentir nenhuma necessidade ou dependência destes.Já dei rosas e fezes,já recebi fezes e rosas,mas, espero de mim mesma,a capacidade não selecionar,de não julgar quem é ou não merecedor,mas que eu esteja sempre enviando aos destinatários do correio da vida,uma caixa cheia de rosas ,pois a gente acaba pegando o odor daquilo que oferece.
"Fica sempre um pouco de perfume,
Nas mãos que ofrecem rosas,nas mãos que sabem ser generosas."
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