terça-feira, 28 de julho de 2009
Memórias da Minha Infância.
Todo mundo guarda na memória,muitas coisas do tempo de criança,coisas inocentes e engraçadas,que mesmo quando a gente cresce,ainda permanece em nois,essas lembranças.Vou relembrar uma história que marcou a minha infância.Eu tinha uns seis anos,e havia adotado,como filho legítimo,um pintinho enjeitado,que eu chamava de Tiu Tiu;aonde eu ia,o pintinho ia também,e eu o amava com todo o meu coração,mas um dia eu sem querer matei o bichinho.
O crime.
Eu estava de pé,ouvindo minha conversar com outra senhora e fazendo um movimento no corpo de ir e vir,quando senti que pisei em algo e ouvi um estalo.Minha mãe gritou logo dizendo:Matasse o pinto.Eu olhei pra trás e ele estava se debatendo,e com os intestinos de fora.Meu Deus,quanta dor de ver aquela cena;foi aquele chororô,que não tinha nada nem ninguém que me fizesse calar.Minha mãe,disse que não havia o que fazer,e que iria jogá lo no lixo.Eu tomei das mãos dela e pedi pra eu mesma jogar.
O cortejo fúnebre.
Peguei Tiu tiu,enrolei num paninho pra servir de caixão com o rosto banhado em lágrimas ,me digiri,a um lugar por trás da minha casa,aonde tinha mato e árvores(onde hoje é o caminho para a EMBRAPA).
O sepultamento.
Chegando no local,eu tratei de procurar o melhor lugar,para colocar os restos mortais do pintinho,que eu havia matado.Cavei à sombra de uma árvore,uma cova promocional ao falecido,coloquei seu corpinho inerte lá,pedi perdão e disse que gostava muito,muito,muito dele.
O cerimonial Póstumo.
Tratei de fazer uma cruz com dois tolinhos secos e coloquei sobre a cova,depois puz uma flor de Mussambê para enfeitar e fiquei de joelhos e rezei o Santo Anjo(era o que eu sabia),chorei mais um outro tanto e vim pra casa.
A dor da saudade e suas consequências.
Não conseguia parar de chorar e minha mãe já começava a ficar brava comigo,pior foi no dia seguinte na escola,já cheguei soluçando igual a Xiquinha do Chaves,e as professoras e colegas querendo saber o motivo daquele desespero.Lembro que a minha professora me pegou no colo e me perguntou,porque eu chorava tanto,e só conseguia responde:Eu,eu,eu matei o pinto.Aquilo provocou uma comoção acompanhada de risos e muito dengo,até dispensada das tarefas eu fui.
Todo mundo deveria de vez em quando ,tirar um tempinho,para relembrar os tempos de crianças,das brincadeiras,das sapequices,dos apelidos,das histórias engraçadas,tentar lembrar dos colegas,das professoras...De fato,a gente só envelhece o corpo,mas a nossa alma tem a idade que a gente determinar,ou deixar fluir.As vezes,independente do número de velinhas que apagamos,ainda há dentro de nois,uma criança ou jovem que precisa fluir em determinados momentos,caso contrário,passamos ter uma postura séria demais e acabamos por envelhecer de verdade.
"Senhor,se eu envelhecer e o meu coração endurecer,permita que eu morra".(Drumond).
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